Recosto-me no meu recém adquirido colchão da minha recém adquirida cama do Ikea, que tanto me custou a montar, e abro o calhamaço.
São centenas de páginas secas, de uma leitura cansativa. O sr . A matou o sr . B com uma catana. Haverá imputação objectiva? A sra. C fugiu com o sr . D que envenenou o copo de leite da menina E, que morreu de apoplexia. Quid Juris ?
No meio deste teatro só penso porque me fui meter nisto. Desgraçada a hora em que decidi que queria ter uma nota melhor. Maldita a hora em que decidi investir na média. Mas que digo? Deliro com os pensamentos perversos do Sr. A. Adoro tentar descobrir se o Sr. D agiu com dolo ou foi negligente. E só penso no nexo de causalidade entre o copo de leite e a apoplexia da menina E. Que posso eu fazer? Estou condenada! Adoro isto!
Porque hei-de gostar de algo assim? Não há dúvida. Estou louca. Todos os juristas o são um pouco. Já fui contagiada. Não há saída. E adormeço. O Sr. A pode ser preso amanhã... e só li dez páginas do calhamaço.
Não sei se é pelo stress de não ter stress, pela falta de fazer algo, pela saudade dos tempos chuvosos e de frio (odeio o Verão!), mas hoje não estou "política". Hoje não quero falar dos táxis que não vão circular ao Domingo nem na velocidade máxima de 118km/h. Hoje só quero falar no tempo que ainda vem, mas que passará tão depressa que daqui a pouco estou novamente aqui a lembrar o tempo que já passou.
Falta um ano. Menos. Se tudo correr bem, faltam 10 meses. Apenas 10 meses para concluir esta etapa, para deixar de percorrer diariamente os corredores (e bares) daquela Faculdade. Falta tão pouco mas ainda falta tanto. E tanto já passou! Aquele primeiro ano de tormentas e desilusões, de raiva, de nojo e expectativa. O segundo ano de alegrias e energia renovada. Um díficil terceiro ano... um quarto ano que passou à velocidade da luz, em que finalmente comecei a saber, mas que não deixa saudades. Restam apenas 10 meses de frustração e tortura mental, de entusiasmo contido, de alegria no começar a saber, de croissants com doce de ovo e meias de leite pela manhã num bar semi-aberto, de conversas de irritação, desespero, ironia e, às vezes, alegria. Restam apenas 10 meses de infância. Da inocência esperançosa de que tudo correrá bem. Do medo perverso de que tudo corra mal.
Já só faltam 10 meses "para o primeiro dia do resto da minha vida". Seja ela como for.
Aos meus amigos e colegas neste caminho.
SMS a informar o tmp d xpera p ser atendido ns ljs d cidadao? Poxo só dzr o keu axo? Poxo? Poxo??...
... Mariquices...
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NB: Este blogue continua de férias... mentais. A autora espera que os seus neurónios retomem a sua normal actividade a tempo da rentrée política.