... Porque é que é, depois de tudo, me sinto assim?
Com este sentimento de missão não cumprida...
Com este sentimento de expectativas goradas...
Com este sentimento de falhanço...
Mal ou bem, cosi vinte e um emblemas em três horas.
Depois de muito tentar consegui o emprego que queria.
Mas não consegui convencer alguém a ir ao baile de finalistas.
Escrevi fitas sem conta e contei nelas tudo o que queria.
E as normas autolimitadas são normas de aplicação imediata.
Agarrei-me ao que podia e não fugi.
E ainda não acredito que já acabou.
Tive de comprar um novo traje.
Mas continuo sem saber como aqui cheguei.
E hoje consegui mesmo sair dali licenciada.
(Glosa ao post de 9 de Março de 2007)
Cansada. Farta e sem coragem. O estatuto das pessoas colectivas tira a boa disposição a qualquer um e o Harry Potter está ali ao lado desde as 00.24h. À espera de um momento de pura diversão que uma história infantil (ou não assim tão infantil) nos pode dar.
Nunca o fim esteve tão perto (não do Harry Potter, mas do curso, embora do Harry Potter também) mas não encontro vontade para o Mundo demasiado real do Direito (ou demasiado surreal, a doutrina diverge). Os livres permanecem fechados em cima da secretária. Ficam sempre bem lá. E ainda não sei o que é uma fraude à jurisdição competente. Nem tenho vontade. Estou cansada demais para isso e morrer na praia é algo que me parece muito próximo. Já me fartei de nadar em vão.
Visto-me com o estado de espírito de um condenado, no corredor da morte, a horas de encontrar a cadeira eléctrica. Cada passo é dado com o cuidado que lhe é devido. A camisa engomada, que nunca fica direita à primeira. Os sapatos calçados com todo a atenção. O casaco, já demasiado apertado, e o toque final com um colar daqueles que revelam o meu gosto pessoal. O ritual que segui durante cinco longos anos e que ainda não pode chegar ao fim. O ritual que vou repetir - literalmente - pela vigéssima terceira vez e que, no mínimo, será repetido mais uma vez.
Depois do casaco vestido, só me resta erguer a cabeça e enfrentar o corredor. Tentar não custa. E as feridas hão-de sarar um dia.
Cenas de uma viagem às origens, para acompanhar o fim da geração da primeira década do séc. XX. No total, sete horas de viagem e 658 qulómetros percorridos. Filha-condutora em desespero.
Algures em plena A23, às 23h:
Let's not kill the karma / Let's not start a fight / It's not worth the drama / Just a beautiful liar / Beyoncé Beyoncé / Shakira Shakira...
Mãe - Esta música dá-me sono!
E após alguma escolha, introduz um CD na ranhura do autorádio.
La la la la la la la la
Sobe, sobe, Balão Sobe / Vai pedir àquela estrela / Que me deixe lá viver / E sonhaaaaaar...
Na A1, a passar perto das Caldas-da-Rainha, a muitos e muitos quilómetros de distância de Sintra (e de Oeiras):
"Olha Cintra! Estamos quase a chegar!"
Diz a avó, quando vê a fábrica da cerveja Cintra.