Visto-me com o estado de espírito de um condenado, no corredor da morte, a horas de encontrar a cadeira eléctrica. Cada passo é dado com o cuidado que lhe é devido. A camisa engomada, que nunca fica direita à primeira. Os sapatos calçados com todo a atenção. O casaco, já demasiado apertado, e o toque final com um colar daqueles que revelam o meu gosto pessoal. O ritual que segui durante cinco longos anos e que ainda não pode chegar ao fim. O ritual que vou repetir - literalmente - pela vigéssima terceira vez e que, no mínimo, será repetido mais uma vez.
Depois do casaco vestido, só me resta erguer a cabeça e enfrentar o corredor. Tentar não custa. E as feridas hão-de sarar um dia.