Se no dia 21 de Agosto de 2008 me dissessem onde ia estar hoje, talvez não acreditasse. E já passou mais de meio ano... Os dias passam tão depressa que é difícil reter a memória do que se passa com estes dias. Cresci? Não sei. Mudei? Talvez. Mas ninguém muda nunca o que é.
Se no dia 21 de Agosto de 2008 me dissessem que em meio ano a minha vida ia mudar, talvez não acreditasse. Talvez o desejasse, talvez o temesse... No dia 21 de Agosto de 2008 saí cedo de casa. Estava uma manhã de Setembro... e as cores de Lisboa eram deliciosamente diferentes e iguais. As borboletas que tinha no estômago batiam asas de mansinho. Por vezes, a ideia de todas aquelas coisas boas que esta Lisboa me podia trazer, fazia-me sorrir. E era bom ver o pôr-do-sol na praia. E tinha energia para correr atrás dos meus desejos, como se eles estivessem logo ali, no amanhã. No dia 21 de Agosto de 2008, queria tudo igual a antes, mas queria mais. E era por isso que tudo era deliciosamente diferente e maravilhosamente igual.
Corri atrás dos meus sonhos, empenhei-me em seguir com os outros. Não contava com as tempestades no caminho. Afinal... era Agosto e em Agosto nunca chove. Mas choveu. E ainda ninguém percebeu... mas gastei demasiada energia para segurar a minha casa nesses dias de tempestade. Não sei se alguma vez a vou recuperar.
Num mês, tudo aconteceu. E não houve tempo para prever, para planear, para perceber.
Sei o que quero, sei que estou no caminho certo. Mas agora tenho medo das tempestades... não sei se tenho energia para segurar outra vez uma casa. Quis mudar tanto na minha vida, que a voltei ao contrário... era preciso uma tempestade? Eu sempre pensei que não.
Ainda não consegui olhar bem para o que a tempestade deixou.
Não sei o que tenho de reconstruir, não sei o que perdi de vez.
Tenho medo de perder o que ganhei.
Tenho medo de nunca conseguir reconstruir a minha casa.
Às vezes, tenho saudades do sol daquelas horas de almoço só minhas, da infantil adrenalina que causavam.
Às vezes, tenho saudade da expectativa. Às vezes, tenho saudade daquele cheiro, daquelas cores, daqueles sons. Às vezes, tenho saudade de mim daqueles dias.
Mas aqueles dias já passaram, não voltam mais.
Assim como já não posso voltar o eu daqueles dias.
Perdi um pouco de mim na tempestade.
E agora, não sei onde me encontrar.
E não sei se sei como procurar.
Desculpa se não te tenho acompanhado como era minha obrigação. Mas sabes que sou péssima nestes assuntos e por vezes tenho medo de te deixar ainda mais triste só por falar nisso.
Não sei como conseguiste manter a tua casa de pé, mas conseguiste amiga. Conseguiste desta vez e vais conseguir sempre que alguma tempestade se atravesse no teu caminho. E quando estiver a ser muito dificil, lembra-te que não tens que te levantar sozinha. Eu estou sempre aqui amiga. Confesso que tenho saudades de estar mais. Mas mesmo estando menos estou tanto quanto estava antes, porque sabes que mesmo quando não estou contigo estou sempre contigo.
E minha querida amiga, minha irmã, não perdeste nada de vez. Ganhaste o que tinhas perdido há algum tempo. Recuperaste o que, apesar de negares, te fazia muita falta e isso jamais voltarás a perder. Perdeste a imagem sim, perdeste o toque e perdeste a voz, mas ganhaste uma estrela, ganhaste um amor que há muito querias secretamente recuperar.
A tua casa está de pé amiga, ela continua firme, simplesmente precisa de uma arrumação, por isso vamos tratar de arrumá-la!
Beijinhos minha querida amiga