CFL @ 03:41

Dom, 17/02/08

E porque agora sou livre para recordar - sem qualquer pequena sombra de culpa - estes dias que aconteceram há já tanto tempo, vou continuar a publicação desta grande obra de literatura de cordel.

 

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ÀS VEZES

Capítulo II

 

     Ele chegou! E ele não é bonito. Meu Deus!! O que é que estou aqui a fazer? Quem és tu? O que é que vais pensar de mim? Estou gorda? Serei feia? Tu não és bonito... mas... eu conheço-te... quem és? Nunca te vi! Oh... mas como te conheço... sei quem és... sei quem és desde há momentos, em que te vi. Conheço-te bem, mas não sei quem és. E pergunto-te:

     - R.!?

     Olhas em volta, estranhando. Enganei-me? Tu que estás à minha frente não és ele? És! Eu vi a tua fotografia! És tu! Porque é que não me respondes? Estou feia! Sou feia! É por isso que não me respondes...

     - Eu? Não... Manuel.

     E agora? Olho em volta, olha na mesma direcção que há momentos olhaste... e agora? Vou-me embora de mansinho... vou pedir desculpa... mas... és tu!! Eu sei que és!! Vais fingir que não és tu? Não gostas do que vês? Deixa-me olhar para ti só mais uma vez para ter a certeza... olhos nos teus olhos, são grandes os teus. E eu sei que os meus mostram tudo o que estou a sentir.

     - Estou a brincar! Sou eu!

     Ah! Que alívio! Afinal és mesmo tu! Afinal não sou assim tão feia que finjas que não estás aqui para me conheceres!... Oh, não! Que figura que eu fiz!! Como é possível? E agora o que é que vais pensar de mim? O que é que estás a pensar? Olho para os teus olhos... não pensas nada...

     Dei-lhe dois beijos, fixei o meu olhar no dele. Um momento de silêncio e ficámos ali... contemplando-nos pela primeira vez como se não fosse a primeira vez. Há quanto tempo não te via? Continuo a sentir que te conheço... Tu olhas-me também. Que olhar!... Porque é que lês a minha alma? O que é que estás a ler? Que estranho!... Pára! Não me olhes assim que me arrepias! Fazes-me tremer!... Tenho de acabar com este momento...

     - Então... onde é que vamos? - respondes depressa, porque também tu estavas nervoso... mas tu disfarçavas...

     - Para o parque? Por ali...

     Indicaste-me o caminho, como se eu não o conhecesse... começamos a andar. O que é que eu hei-de dizer? O que te digo? Tenho medo de ser indiscreta, desagradável, inconveniente.

     À distância dos escassos meses de uma vida que começara aqui, neste Agosto que naquele momento chegava a meio, sem sol, com a chuva a ameaçar-nos, não me consigo lembrar do que falámos. Eu não precisava falar contigo. Os teus olhos enfeitiçavam-me. Tu estavas ali e só tu existias. Acho que te amei desde o primeiro momento em que te vi. Mas não o sabia. Tu não eras bonito. O teu nariz é grande demais... os teus lábios grossos assustam-me... não os quero tocar mas... como me atraem!... Como gostava que me tentasses beijar!...

     Falei-te de carros. Daquele carro que eu queria. Mas de que estou eu a falar? Porque é que estou a falar de carros? O que te interessa a ti o carro dos meus sonhos? E porque falo agora do meu avô? Porque é ele quem me vai dar o carro... mas o que é que isso te interessa? Tu respondes-me... pareces-me alheado, respondes porque eu falo e não me podes deixar falar sozinha...

     O parque, as altas árvores centenárias... são Salgueiros como o meu pseudónimo com o qual vieste falar comigo pela primeira vez há duas semanas atrás, sem nunca me veres. Não passa ninguém aqui. Estamos só nós. Está frio. No céu só nuvens... nem parece verão! E de repente, tu perguntas:

     - Queres mesmo ser Presidente da República?!

     Sorrio. Que vergonha!... Que hei-de dizer?

     - Foi a J. que te disse isso? Que mais te disse ela?

     - Que tens ideias esquisitas...

     - Nem queiras saber quais são...

     - Diz lá!... Dá-me um exemplo!

     - Para além de querer ser Presidente?

     Pensei. Fiz um esforço... não me conseguia lembrar. Sim!... As minhas ideias eram esquisitas... agora ainda são mais... mas quando nos pedem forçosamente um exemplo da nossa loucura é difícil encontrá-lo.

     - Não sei. Acho que só vais poder descobrir com o tempo... vais querer descobrir com o tempo?

     - Quem sabe...

     Respondeu-me assim. Quem sabe? Quem me dera saber!... Se eu soubesse!... Se nesse dia o teu Deus me aparecesse e me mostrasse o caminho certo, aquilo que deveria ter feito depois e, principalmente, o que não devia ter feito... quem sabe se assim o nós existiria?

     Recusou o café. Indicou-me o caminho até um banco de jardim... sentámo-nos. Olhei para ti e tu olhaste para mim. Silêncio. O que lhe podia dizer? Olhei em frente... na relva brincavam pais com filhos pequenos, no passeio à nossa frente, de momentos em momentos, passavam casais de namorados. O sol sorria de vez em quando. Voltei a olhar para ti. Tu também me sorrias... e olhavas profundamente nos meus olhos. Conheço-te! Que olhos são esses que já vi tantas vezes sem nunca ter visto? Porque me estás a ler os meus segredos mais íntimos? Porque conheces a minha alma? Porque fazes parte de mim mas és-me um estranho ao mesmo tempo? Depois começamos a falar...

     Falas-me de ti, da tua família... dos teus amigos. Falas-me das tuas conquistas. Da tua antiga namorada. Será que algum dia falarás de mim a alguém?

     - Gostaste muito dela?...

     - Gostei.

     Não sei porquê mas a resposta doeu-me, sem que eu percebesse. O meu coração bateu mais depressa, descompassado. Gostei... e de mim? Gostarás? Porque é que eu quero que gostes de mim?... Eu não gosto de ti!... Mal sabia como começava nessa altura a gostar...

     - Já não gostas?

     - Não.

     Que não tão certo! Com tanta convicção! Só que ele não me pareceu de facto convicto... ele nunca tinha certezas... e a certeza de que já não gostava dela era a maior incerteza do seu coração... ele vivia na incerteza de ter a certeza. Ele não sabia nada.

     Mas eu respirei fundo! Se ele dizia que não gostava... talvez não gostasse mesmo... talvez eu conseguisse fazê-lo esquecê-la!... Como a certeza em nós próprios nos engana às vezes!... Às vezes, somos nós os nossos inimigos, não as antigas namoradas.

     E continuámos a falar. Olhava-te nos olhos. Ouvia-te com atenção. Às vezes não aguentava mais e desviava o olhar. Às vezes perdia-me na tua alma. Às vezes observava as crianças a brincarem à nossa frente. E olhava-te novamente nos olhos... e tu olhavas também assim para mim...

     - Não me olhes com esse ar de engate! - disse-me ele. Assustei-me. O quê? Como poderia eu olhar-te dessa maneira? Não! Tu não podias perceber que era isso que me ia na alma! Virei a cara... olhei em frente... pouco depois o sol surgiu atrás de uma nuvem... e eu voltei a sorrir ao teu sorriso.

     Brincámos um com o outro. Fizemos jogos de palavras em que olhavas fundo nos meus olhos e eu observava os teus lábios, ansiando o seu toque nos meus. Às vezes, não dizíamos nada de jeito. Disseste que eu te mentia na resposta a uma pergunta mais íntima. Disseste que os meus lábios tremiam quando te respondia. Quis fazer o teste contigo. Pedi-te que dissesses uma mentira. Disseste "amo-te" e vi os teus lábios tremer voluntariamente, pela tua própria vontade. Foi incrível! Naquele momento vi pela primeira vez o que já antes e muito depois continuei a ver: tu não sabias o que era amar. E não sabias se me amavas. Eu mexia contigo. Uma vez... leste nos meus olhos como eu te desejava... e disseste-me o que vias.

     Quiseste medir forças comigo. Apertaste-me a mão. Eu disse-te que não ias conseguir vencer-me. Apertaste mais a minha mão. Eu fingi que não me doía e tu largaste. Novamente o silêncio e a minha mão... as nossas mãos, a tua tocando a minha, a minha repousando sobre o banco de jardim... os teus dedos acariciando os meus, lenta, suavemente, como se não o fizessem... eu a olhar em frente, tu a olhares para mim. Mesmo sem ver os teus olhos sentia-os nos meus. Sabia que olhavas para mim, sabia que naquele momento eu era tudo para ti... e tu, tudo para mim.

     Tirei a mão depressa. A tua caiu em seco sobre o banco. Ajeitei o cabelo, como se não te tivesse sentido nos meus dedos. Numa fracção de segundo, a tua mão continuou no banco. Não esperavas o que fiz. Depois voltaste a ti. Afastaste a mão, inclinaste-te para a frente e cruzaste as tuas mãos, uma na outra.

     Uma vez, enquanto falavas, brincaste com uma folha no meu braço. Eu fingi que não senti. Tu percebeste mas não paraste.

     E o tempo passou. O sol escondia-se cada vez mais. Sorria menos. Ele sorria-me mais. Eu sorria-lhe mais. Os pais voltaram para casa com os filhos, os namorados voltaram pelo mesmo caminho, agora mais agarrados. A mesma velhota passou ali pela terceira vez. Tinha uns ténis iguais aos meus... viste o meu telemóvel, preocupaste-te quando pensaste que era um amigo teu que vinha lá ao longe... respondeste a mensagens que os teus amigos te enviaram para o telemóvel... e quiseste medir forças comigo outra vez.

     Não me consigo lembrar como acabei nos teus braços. Tentaste medir forças comigo e acabaste abraçado a mim. Não me deixaste sair do teu abraço aconchegante. Envolveste-me pela cintura e beijaste-me no pescoço. E eu deixei ...

 

(Escrito em 11 de Abril de 2002)

 

 


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CFL @ 02:25

Sab, 10/11/07

Há alguns dias, num jantar, senti um olhar reprovador sobre mim, de como quem diz: tu não és uma pessoa apaixonada! Não sei se é verdade. Mas sou essencialmente prática. Sim, o sol é bonito e há coisas que encantam. Se não fosse assim também não valia a pena viver. Mas não fui feita para o amor e uma cabana nem para aquele aconchego tradicional de fim-de-semana. No fundo, quando duas pessoas essencialmente práticas se juntam é assim. Mas minha amiga C., agora que arranjei 10 minutos desta noite para aqui escrever, vou-te provar que eu também sei o que é a paixão. Nos próximos posts segue um livro inacabado escrito há alguns anos, que publicarei aqui capítulo a capítulo. Modéstia à parte, é preciso coragem para mostrar que já fui assim. Mas fui. Se calhar, no fundo, ainda sou. Mas sou uma pessoa essencialmente prática. Segue a transcrição do que foi escrito em 11 de Abril de 2002. Aviso que é literatura de cordel.

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ÀS VEZES

 

C. S. F.

 

     Às vezes, a realidade consegue ultrapassar a própria ficção. Quantos não viram já a sua vida transformar-se num verdadeiro romance cor-de-rosa ou numa tragédia clássica, cheia de phatos e com direito a um climax da acção verdadeiramente surpreendente?

     Mas jamais alguma tragédia ou romance consegue atingir a perfeição da vida real. Uma perfeição na sua forma imperfeita mas cheia de cor e de dor, de amor e de sombra, cheia de vida.

     E porque a ficção se mistura com a realidade, é impossível afirmar plenamente se estamos perante um romance tirado da mente do Homem ou se temos à nossa frente uma história arquitectada pelo Destino. Não é a mim que compete dizê-lo. Deixo a cada um a liberdade e imaginação, mas principalmente, astúcia, para tirar as suas próprias conclusões.

Capítulo I

 

     É agora. Desta vez vou mesmo começar a escrever. É de tarde, são sete horas, uma tarde soalheira. Agora chove e é incrível. A chuva chegou mesmo a tempo para condizer com o meu coração que chora. Abril, mês de chuvas, mês de mentiras, um mês místico... ainda nada acabou, mas tudo irá acabar. Sei que sim. Pressinto-o. Estamos a chegar ao fim.

     É estranho começar uma história declarando para quem quiser ouvir que "estamos a chegar ao fim". Mas como a história que vou contar é uma analepse, não mais que uma recordação (sim! E agora como sei que não será mais que uma doce recordação, misturada com fel, recordação doce e azeda de uma história que já azedou com todo o azedume com que por vezes foi vivida), importa dizer que hoje sinto que tudo acabou. Porque o vi. Com ela. E ela pegou-lhe na mão da mesma maneira como eu antes fizera. Ela tocou-lhe a pele como eu mesma toquei naquela tarde de verão. E voltará a fazê-lo, como eu nunca voltei.

     De que estou a falar? Da vida, do amor, de um nada que é tudo. Estou a falar do primeiro amor - aquele que nunca esquecemos - e que fica connosco, ao nosso lado, guardado para sempre num canto tão profundo da nossa alma que nem as aranhas conseguem tecer teias, nem a humidade consegue destruir, nem nós próprios conseguimos limpar... estou a falar daquele amor pelo qual fazemos tudo. Aquele que nos faz ter as reacções mais rídiculas de todas. Existirá um amor mais ridículo que o primeiro? Mas quanto mais ridículo ele é, mais marcas nos deixa, mais o sentimos, mais muda a nossa vida. E este mudou a minha. Para sempre, um sempre que acaba hoje, com a minha vida mudada, apesar de nunca, mas nunca mais, sentir as suas mãos, grandes, firmes, de traços bem definidos, tocarem novamente nas minhas. Agora as suas mãos são dela. Agora o coração que nunca foi meu, senão num engano esquecido no tempo, mas recordado em ambas as almas, está com ela, pertence-lhe a ela. Não a mim. Eu não sou ninguém. Mas ele também não. Não somos, não fomos, não seremos. Éramos um futuro prematuramente acabado. Nós não existe. Existo eu, que não sou ninguém, que o era menos ainda antigamente. Existe ele, para quem não sou ninguém. Existe ela que me parece ser tudo para ele.

     Às vezes... às vezes, não! Sempre! Lembro-me sempre de ti, sempre que acordo, assim que me deito. Foste o combustível que me fez viver... melhor ainda! Que me deu vida! Que me deu vida quando a começava a perder. Durante meses, meses que me pareceram anos, escassos meses nos quais posso resumir toda a minha vida como se antes não tivesse vivido, foste o sol que me fazia acordar de manhã, foste um motivo, foste um meio e um fim para atingir o meio. Foste tudo. Desde aquela tarde de Agosto, sem sol, a ameaçar chuva, fria, em que me aqueci nos teus braços, que me deste vida, que foste a minha vida. Não te lembras, amor? Ainda te recordas como fomos? O que fomos? Para ti nunca fomos nada. Nunca existimos. Para mim fomos tudo poque tu comigo construíste as bases da minha vida. Se agora não sou ninguém, antes não era nada. Amaste-me alguma vez? Não. Se eu te amei? Como poderia não o fazer? Foste tu quem me ensinou a amar-me a mim própria, e se não te amasse como saberia amar-me? Porque tu és igual a mim.

     Já não sei nada, não tenho certezas. Às vezes pareces-me ser assim. Às vezes pareces ser apenas uma sombra, nada mais que uma sombra que me ensombrou o outono, o inverno, este início de primavera... Às vezes nem eu própria sei o que sinto, porque sinto o que sou, sinto o que não és. Às vezes nem mesmo sei o que escrevo. Mas escrevo com o coração. E se escrevo com o coração estou-te a escrever a ti. Porque tu, pelo menos hoje, nesta tarde em que agora chove, és o meu coração. Às vezes parece-me que sempre o foste, que sempre o serás, mesmo que ela te toque na mão e te leve com ela para o mesmo banco de jardim em que nós estivemos, um dia, há tão pouco tempo que me parece uma vida, juntos. Às vezes parece-me que nunca foste o meu coração. Que não passas de um instrumento de uma força divina, a quem tu chamas Deus, enviado para me salvar - nesse caso foste (ou és) um anjo. Mas que anjo? Mas que Deus? Mas que instrumento? Às vezes, não passas de um nada. Quem sou eu para merecer o esforço divino? Quem és tu para seres o instrumento dessa divindade? És simplesmente a pessoa que me ensinou a amar, que me provou que o amor não é racional, que nunca viveremos uma vida inteira na racionalidade objectiva da vida, analisando a vida como simples espectadores de uma vida que é nossa, mas não nos pertence. És apenas um rapaz que já muitas vezes, vezes demais, amou sem nunca realmente amar. Precisas tanto de um anjo que te ensine a amar como eu precisava antes de ti. Sim. Neste caso foste o meu anjo, foste o meu professor, foste um guia. Mas eu não quero que ela seja o teu anjo, que ela te ensine a amar. Porque é que não podemos aprender juntos a amar? Tu já me ensinaste um bocadinho, mesmo sem saberes a matéria que leccionavas, sem dares por isso. Porque é que não aprendeste também? Se foste o meu instrutor divino, porque não posso também ser a tua professora? Porque a vida é assim. Porque o destino é mau. Porque o teu destino, o teu papel na novela da minha vida já se cumpriu. Pelo menos, acredito nisso, hoje... foi a chuva que trouxe as lágrimas claras da racionalidade da descoberta. Porque o amor não é uma certeza. Porque tu não passas de um rapaz. Porque tu és simplesmente... o R.

     Mas eu não sou a Laura de Petrarca, nem a Ofélia, nem Inês de Castro. Não sou Vénus, nem Lídia do Ricardo Reis. Não sou nada para merecer o esforço de qualquer força divina. Mas porque existo sou tudo. Somos tudo só por existirmos. Só por ser mereço o esforço de toda a energia do Universo. Mas por isso tu também mereces. Tu e a mulher que agora passa à chuva na rua. E o homem que amanhã passará aqui a passear o cão, de olhos perdidos, pensativo, quem sabe a recordar um amor também perdido. Já disse! Somos tudo e não somos nada. Já disse, não digas mais! Sou tua aluna, ensinaste-me a amar. Sou simplesmente um coração, uma alma reduzida a quase nada porque tu só me ensinaste, não me amaste. Possivelmente nunca. Eu sou simplesmente quem te amou durante meses e te vai continuar a amar (porque o primeiro amor fica para sempre naquele recanto de alma sem humidade nem teias de aranha). Sou simplesmente uma rapariga. Uma rapariga que sabe hoje que não tem toda a sabedoria do seu nome... Sofia.

 

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Sim, minha amiga C., fui eu quem escreveu isto aos 16 anos.

 


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