Não sei para que serve.
Ou se serve para alguma coisa.
Porque queremos ser mais do que merecemos?
Porque investimos na falsa esperança de ser mais do que somos?
É porque um dia acreditamos.
E um dia seremos obrigados a reconhecer a verdade.
E quando deixarmos de acreditar, outro caminho iremos traçar.
A tentar perceber como vou coser os emblemas.
A tentar perceber como vou arranjar emprego.
A tentar perceber como vou convencer alguém a ir ao baile.
A tentar perceber o que hei-de escrever nas fitas.
A tentar perceber o que são normas autolimitadas.
A tentar perceber se é melhor fugir.
A tentar perceber como é que isto vai acabar.
A tentar perceber como é que vou caber num traje n.º 38.
A tentar perceber como é que cheguei aqui.
E a tentar perceber como é que hei-de sair.
«Têm menos de dez anos de profissão e já representam 60 por cento dos 26 mil advogados no activo em Portugal. A proliferação dos cursos de Direito disparou as inscrições na Ordem. E o desemprego? Os jovens estão em larga maioria entre os dez mil licenciados em Direito sem trabalho.» In Correio da Manhã (03-03-2007) É tempo de procurar um lugar. É tempo de investir. Espero que seja tempo de encontrar. Uma carta em papel cuidado. Um e-mail a publicitar um pouco mais do que sou. Um formulário que podia ser melhor. O receio de não bastar. A curiosidade de saber se chega. É tempo de arriscar e de acreditar que ainda é possível.